terça-feira, 8 de outubro de 2013

LER É DESCOBRIR O MUNDO


     A leitura constrói caminhos e pontos que nos levam a dimensões inimagináveis. O conhecimento, em toda área e em toda abrangência nos chega pela leitura; por ela descobrimos mundos novos todos os dias. Toda leitura é inovadora, mesmo que pareça repetida. Um romance, um conto, uma fábula uma epopeia, um sermão, um texto sagrado, tudo ao ser relido, enche-se de novidades; traz-nos outras perspectivas de alcances. Se não fosse assim não faria sentido, nas nossas liturgias, repetirem os mesmos textos. 
     Na minha experiência de leituras, há muitos textos que, vez por outra, volto a ver, e sempre encontro razões para esses “retornos”. Ouso dizer que há textos que só “aprendo” com eles depois de uma segunda ou terceira leitura. Outros há que, toda vez que leio, mais descubro aspectos ainda não percebido ou captado por minha razão. Então, uma poesia, por exemplo, parece fonte profética de novidades, talvez por estar ali muito mais que a reflexão do autor, mas sua própria alma com a qual percebe e pressente o mundo. 
     Mas a leitura não serve apenas à saciedade de conhecimento, é também distração, diversão, realização. Há dois romances da literatura brasileira que sempre me distraem: Memórias póstumas de Brás Cubas e Olhai os lírios dos campos. O primeiro de Machado de Assis tem um humor refinado, embora irônico que não se perde e nem se dissipa em vulgaridades; que mostra o alcance da razão humana imaginando uma vida real depois de vê-la passar, do princípio ao fim. O segundo, de Érico Veríssimo, é uma firmeza tal que beira à poesia romântica do século XIX. As sensações humanas ou descritas são dóceis, quase sagradas, e a morte nem parece o fim para quem deixa este mundo com a perspectiva de quem amou para viver e viveu para morrer. 
     Na leitura, encontramos tanta forma de caminho que se tornam mapas de nosso itinerário. Quando alguém me diz que “não tem o que fazer” tenho vontade de “mostrar-lhe uma biblioteca”. Aí ela e todos, certamente, havemos de encontrar razões suficientes para continuar a árdua tarefa do descobrimento. Em cada leitura, um mundo novo é descoberto. 
Ms. Thiago Onofre Maia